sábado, 6 de junho de 2009

Era terça-feira pela manhã quando reclamei das horas que não passavam. Fazia tempo que tinha acordado e, entretanto, o relógio mal marcava dez horas. Uma lentidão irritante em uma semana completamente vazia... À ti, eu só fazia era protestar contra o tempo, criticar o frio e a garoa e lamentar os longos dias que teria de aturar.

Entre prédios e postes, luzes acinzentadas de fim do dia e neblina de meio de noite, fui passando. Arrastei as horas comigo, pincelei uma pressa inexistente e ocupei, como melhor pude, os minutos vazios. Se não dormia, desenhava. Sonhava acordado e, claro, contigo.

Fico pasmo ao me tocar que, quanto menos te vejo, mais te quero. Tu és dona de uma das minhas grandes saudades, mesmo que nos falemos todos os dias por letras de cor preta ou entre telefonemas embargados de sono. Mas falta. Falta o toque. O calor do toque. A melodia da respiração e o brilho do teu olho de mar a iluminar meu caminho, a me mostrar direção.

E agora surge mais uma nova sexta-feira e fria que as outras. Mas de proximidade. E não importam quantas outras tantas sextas-feiras se repitam dessa mesma forma, será sempre novo de novo, eu e você, o silêncio da noite e todos os segredos — mudos — trocados.