segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Oito e quatro.

Impressiona-me a rapidez do tempo que te empurra a lembrança sempre mais para trás. Desenho as formas quando necessito e tiro o pó da memória, recordando dias sem saudades e agora, falando dela, te digo que não dói. Suporta-se. Aprendi a tolerar, a deixar para depois e não chover sempre que teu nome me vem na mente e agora te conto que o coração até está pequenininho dentro do peito, mas os olhos continuam calorosos, feito sol em céu azul. E te sorrio e te canto e nos recordo. Fluidez.

Oito e quatro.

Tem vezes que o tempo assusta. Nunca imaginei uma vida de distâncias tão compridas e, por ora, me encontro sozinho, mergulhado em lembranças tão só minhas e numa incredibilidade grande. Repetitivo, bonito. Re-pe-ti-ti-vo. Saudade, saudade, saudade. Chuva, chuva, chuva. Eternidades. Discrepâncias. Destinos. Destinos? Será esse o nosso?. Desacredito. E, desacreditando, tua voz não me vem com freqüência cantar, não há mais conversas nas madrugadas insones e não imagino mais o tamanho da tua birra, nem derreto teu olhar. Estou cada vez mais distante.

Oito e quatro.

Eu penso que devia esticar os dedos para te segurar nas mãos. Um toque e tudo fica bem. Vê a impossibilidade disso tudo? Só queria uma brisa tímida me beijando o rosto e o abraço do vento no corpo. A sensação do conforto, do refúgio. E depois de algumas muitas linhas inerte, lá vem a chuva me encharcar de novo, em meio ao sorriso que solto num lamento de alívio. Pensei que não entenderia, mas continuo sem entender e continuamos, dia após dia porque assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

a garota de tão tão distante

paragráfoSurpreendi-me ao receber uma mensagem sua. Fazia tempo que não dava sinal de vida, que eu não sabia se estava bem. Mentira, eu sabia que sim. Sabia de tudo que estava passando, porque sou curioso e gosto de cuidar de quem quero bem. Então de vez em quando, eu visito suas milhões de páginas na internet. Compartilho seus pensamentos e bobagens.
paragráfoMas a melhor surpresa foi escutar: “Estou aqui! Pertín d’ocê”. Logo o sorriso abriu no rosto e eu não quis esperar, nem um dia para te ver. Eram as saudades, você me perdoa?

paragráfoEu sei que perdoa. Você continua a mesma menina/moleque de sempre, com um sorriso frouxo no rosto. Esse sorriso que tanto me encanta, enquanto eu vou falando as besteiras que passam pela minha cabeça. Como quando eu soltei: “Já reparou que você vive tirando a minha virgindade?” e seus olhinhos se arregalaram, caíram na risada. Mas é verdade. Ninguém, nem a minha família imaginam tudo o que está acontecendo comigo agora. E você veio aqui “pertín” ver.

paragráfoEu me lembro como se fosse hoje o dia que fui te conhecer, depois daquela tentativa frustrada, o frio na barriga, o não saber o que esperar. Como será que ela é?
paragráfoÉ eu conheci essa guria pela internet. Hoje não tenho vergonha de falar. Foi a primeira e acabou virando uma grande amiga por muitos anos. A gente fazia a distancia parecer menor, eram horas na web cam (confesso que a maior parte a cam só tava ligada mesmo e eu nem estava te vendo :P) e fofocas bobas. Mas com o tempo as coisas iam esfriando, a gente se afastando. Só que era só um ligar para o outro e dizer que estava chegando, que a cola grudava de novo.

paragráfoPrima, (A gente jura para todo mundo que somos primos e a gente não se conheceu na internet até hoje.) como é bom te ver, te ter por perto. Você trás junto contigo um monte de sentimentos únicos. Criamos um mundo de faz de conta e ele só existe quando estamos juntos, quando somos primos. Queria poder te ter todos os dias na minha vida, mas isso quebraria a magia né? Nossa amizade é feita de distancia. Então agüento a distancia e te digo que te amo e agradeço porque você me fez ser quem eu sou hoje e nem sabe disso....

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Dos dias...

Um dia você acorda e descobre que o sol resolveu brilhar mais forte e que, as cores antes tão cinzas, voltam a ganhar tom arco-íris. Um dia você acorda e se descobre brilhante no mar de possibilidades e na ternura das improváveis impossibilidades.

Um dia você acorda e descobre que tem tudo novo. Ou melhor, um jeito novo de fazer algo de novo, de uma forma ainda mais especial. Um dia o sol invade sua janela, numa dessas impossíveis manhãs de inverno europeu, e com ele, o calor de um amor.

Um dia você vislumbra a possibilidade de se re-construir-se na re-construção do outro. Do ato de re-construir o que de fato é importante. Um dia você acorda e percebe que seus olhos brilham mais, que seu sorriso chega a doer com a insistência em permanecer no seu rosto.

Um dia você descobre que para amar o outro é questão sine qua non amar-se com todas as virtudes e buracos que lhe cabem na alma. Um dia o dia amanhece com gosto de sorvete e brinde no final do dia com champanhe.

Um dia você olha o sorriso de uma pequena garotinha e se pergunta o por que dele. Deseja ser o responsável. E acaba descobrindo que é. Não porque fez algo, apenas por ser quem você é.

Um dia você descobre que tudo está no exato lugar em que deveria estar. Um dia você descobre que é mais você porque permitiu que o outro te enxergasse a alma. Um dia você descobre que como já dizia o poeta para ser grande, sê inteiro.

Nesse mesmo dia as palavras que faltavam ou andavam embaralhadas por aí em uma confusão qualquer voltam a habitar sua matéria. E que tudo, nada mais era que uma questão de trocar algumas vírgulas de lugar.

Um dia você acorda e descobre que a vida te presenteou com tantas coisas, que você não sabe como agradece-las....

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Eu estou feliz. Só isso. Com tudo.
Vejo até coisas que achei que iriam me machucar, mas não machucam.
Sou imune

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

dê tempo para ser feliz.



parágrafo. Às vezes a gente dá um tempo para a vida e deixa que ela corra solta, vira espectador dos acontecimentos, concede uma folga à vontade de brigar pelas coisas que parecem certas, sai de cena e apaga luz, apenas tateando no escuro o lugar da cama e se mete lá, à espera do outro dia, se com chuva ou sol, não faz nenhuma diferença.

parágrafo. Então os dias correm e a gente não pensa em nada. Nem percebe que a grama do jardim cresceu, que está esquecida dos amigos e que precisa dar um alô ao mundo que continua acontecendo. Mas por ora, não se quer mudar aquela rotina, está tudo tão equilibrado, suficiente, que se pendura na porta os meandros e as expectativas por dias incontáveis.

parágrafo. Só que de repente, os outros se dão conta e lembram que você existe, e telefonam, e cobram a sua presença, e perguntam se está tudo bem, e atormentam a sua paz provisória que não tem nada a ver com tristeza ou coisa parecida. Sabe quando você não tem o que dizer porque as palavras somem? É como ter de se justificar pelo que não fez ou assumir o que não sente.

parágrafo. Por que será que a maioria das pessoas não entende esse flerte com o eu e já querem solucionar o nosso possível “problema”, invadir o nosso espaço e nos arrancar dali como se essa reclusão fosse uma doença? Esses delineios emocionais não são prenúncios de que algo está errado. É apenas uma lacuna que nos permitimos abrir para relaxar, esticar a corda para ver até onde vai.

parágrafo. Talvez nem todas as pessoas tenham essa necessidade de brecar as ações e tragar um pouco de ar puro. Preocupam-se tanto em fazer, acontecer, aparecer, que acabam tendo uma visão unilateral para a vida onde pesam apenas as suas regras de conduta, o seu manual de comportamento, as suas entrelinhas, o seu status, as suas frases prontas...

parágrafo. A esses que veem a vida em pacotes simétricos sobra miopia existencial para perceber que as pessoas não respondem aos estímulos ou desestímulos da mesma maneira, que sonham com ou sem os pés no chão, que degustam as agruras com mais ou menos languidez, que fazem da vida um ensaio de guerra ou de paz. Sobretudo, que amam e odeiam de forma desigual.

parágrafo. O mais incrível desses parênteses que a gente abre para a vida, sem ficar esperando resposta de nada, é que as coisas boas acabam vindo como um presente, uma surpresa deliciosamente sólida que nos põe um sorriso do tamanho do mundo no rosto e nos dá uma sensação de preenchimento interior que supera qualquer prospecto de outrora.

parágrafo. Não se pôr em guarda à espera do que se quer é permitir desligar-se dos ponteiros do relógio que invadem as horas e jogam fora cada segundo de esperança malograda. O tempo é inimigo de quem necessita de respostas. Passeia neutro pelas veias e adentra o corpo silenciosamente. Desconfio que o segredo é não fazer caso dele, deixando que a vida flua livre, sem arreios nem peias.

sábado, 21 de agosto de 2010

Tenho vivido em um mundo de ilusões.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Twitter

Me esqueci dele. Lugar onde pensamentos de outras pessoas se misturam com os seus, você começa até a se questionar: "Será que sou eu que estou pensando isso, ou é outra pessoa?".
Muita conversa, muito desabafo. Pouca cultura. Não, não vivo de cultura e nem sempre atrás dela. Mas é gostoso e dá gosto de vê-la.
Podem me dizer, então é só você seguir os literários e ser feliz. Até eles se pegam em momentos de confissões e não são resposta para cultura.

Acontece que minha cabeça só consegue assimilar e entender uma voz, a minha. E lá você se pega ouvido mais vozes do que deveria, do que gostaria. E nunca a sua.
Meu canto. Minhas ilusões. Minhas bobagens. Ninguém é obrigado a ler e nem deve. É algo pessoal, do meu mais intimo eu. Mas a curiosidade, as vezes, mata o homem e é sinal de inteligência. Afinal, quem fica quieto no seu canto não aprende nada. Como eu poderia privar alguém das minhas bobagens, se já mostro a todos instantes, a maior delas. Esse blog.

Deixo o Twitter para quem entende o twitter, para quem acha graça, ganha dinheiro e faz amizades com isso. Deixo eu no meu canto, com meus pensamentos e minhas alegrias. É, cada macaco encontra o seu galho e se sente bem nele. Eu me sinto bem no meu.

Não consigo, e nem quero, me limitar a 140 caracteres.
Tenho tanto o que falar e compartilhar.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Bala de Troco

Ontem quando vi e ouvi de fundo da cam da Lu, viciei nessa bobagem. Tô cantando o dia todo.

BALA TE TROCO! QUE COSA TRISTE! NO TIENE TROCO! QUE COSA TRISTEEEEE

Spoiler da rede globo

Para todas as mulheres, que visitam esse blog e adoram uma novelinha da globo. Esse post vai para vocês.

É em primeira mão que fiquei sabendo que a próxima novela, depois da TI TI TI, terá o enredo relacionado a designers que fazem produtos para classes C e D, tipo Casas Bahias, Marabraz e afins. Estrelando Ana Paula Arósio como uma designer que chega directo de Milão, (quanta originalidade! Ó meu deus!) fazendo par romântico, se não me engano, com Wagner Moura, um designer do povo paulistano mesmo.

Bom, como não poderei ver essa novela a não ser que até lá eu tenha voltado para meu território. Coisa que acho quase impossível, gostaria que todas se mantenham bem informadas e me contem se estão fazendo pastelão com o meu design!

Velho, porem sempre bom.

Adobe Photoshop Cook from Lait Noir on Vimeo.



Com o photoshop quem sabe eu conseguiria fazer mais coisas na cozinha.
HUAHAUAHUAH

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

horas de silêncio

parágrafo E vou novamente te contar da angústia que me dá na tua hora de silêncio e a expectativa que mora em mim, enquanto não recebo teu telefonema de boa noite. Já é assim por algum tempo, quase todos os dias e permanecerá assim por diversos dias que se seguem, pois enquanto eu sentir medo de te perder, sentirei esse aperto no peito que me dá no instante que entra em um avião até a hora que me ligas de um telefone que tranquiliza. Parece bobo, tanta pré ocupação. Dizes-me para dormir, que não ligarás afim de não interromper meu sonho, mas mal sabes o pesadelo que vivo nessa tua hora de silêncio. Só não enjoe, menina, dessa minha super preocupação, dessa rotina de me-liga-quando-chegar e dos boa noites embargados de sono, por vezes. É só uma questão de amor. Uma questão de eu-te-amo.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sobre o ir levando

parágrafo Começo este aqui com a face corada e as borboletas tresloucadas dentro de mim. Uma bola que se aloja na garganta, a vergonha vestindo cada milímetro da minha pele e, entretanto, um não se importar com as consequências, nem medi-las ou sequer pensar que. Talvez não tenha consequência nenhuma, talvez nada leve a nada e é exactamente isso que quero dizer. Não porque preciso, mas porque me faz bem. E se me faz bem, se tenho vontade desse escotismo, por que não me permitir fluir? Assim aglomero as letras que dançam soltas durante a semana, tento deixá-las fazendo sentindo e vou revelando, linha por linha, então.

parágrafo A censura bateu em minha porta e eu jurei que não escreveria frases dúbias, deixo o recado perdido nas entrelinhas. Não cito essas revelações - as deixo reservadas para silêncios em céu azul, onde o corpo conta mais que a fala e os gestos se completam, feito velhos e bons dançadores clássicos. Sin-cro-nia. E me calo. Acrescento um ponto final, mas sem antes dizer - como se você não soubesse - que gosto do gosto das estrelas na ponta da língua e do sorriso que escapa quando as sensações fogem do controle. Recomeço. E, apesar de, te revelo que isso é "detalhe", um bônus extra da tua companhia próxima.

parágrafo Digo que gosto de. E, depois do ponto, caberiam muitas frases, muitos segredos - meus - e algumas das muitas cumplicidades. Conto que gosto da companhia e ponto. Sem esperar demais, nem desesperar também. Apenas o sentir-se bem com a proximidade, com as palavras doces que vem no vento, com a risada que flui quase sempre e com os olhos que sorriem e revelam e se escondem. Gosto do mistério que tu carrega em cada folha não lida, em cada lágrima engolida e em cada silêncio que te foge do controle e confesso que não tento adivinhar aquilo que tu esconde, pois se assim você prefere, talvez porque assim seja o melhor para o momento. Já me contaste tanto de vida que, penso, sei aquilo que devo saber e saberei se assim você quiser. E descobri posso lidar com isso. Revelações e segredos. E eu.

parágrafo Assim, te levo comigo enquanto puder te carregar. Te levo pelos cantos, por me fazer bem te ter em letras, linhas, ladainhas. Levo nas músicas que ouvia e nas que passei a ouvir. Levo naquilo que te lembra, seja num por do sol que virou poema, numa taça de vinho que bebo, numa barra de chocolate que me oferecem ao acaso, na música que começa a tocar na rádio e naquela, doce e chata, que impregna na cabeça. Levo no riso pendido no canto dos lábios, no gosto da pipoca, no filme que ainda não vi, mas que você prometeu me mostrar. Levo nos desafios vencidos, no algodão-doce-nuvem, na sensação de equilíbrio, na vogal pouca. Te levo comigo, enquanto puder te levar. E enquanto você deixar que te leve.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O sonho da senhorinha

paragrafoEra domingo, o sol batia lá fora. E aqui dentro uma vontade estranha. Resolvi em um impulso misturar o sol de fora, com a vontade estranha daqui de dentro. Caminhando, pelo parque da cidade e me peguei observando uma senhorinha.
Parecia triste, quieta, sozinha. Não pude me controlar e quando me dei conta estava sentada ao seu lado e a observando, quase tentando chamá-la para uma conversa.
paragrafoNão demorou muito e nós apresentamos, a conversa ia se desenvolvendo, era o tempo que nós importávamos naquele momento. Mas não demorou muito para serem os problemas do coração. Quase baixinho, como se alguém próximo a gente estivesse interessado em escutar, ela fechou o sorriso enrugado e me disse que hoje havia dez anos que ela tinha se separado do marido dela. E que esperava, em vão, encontrar ele naquele banco.
paragrafoFiquei sem saber se deveria ir ou ficar. Mas ela me insistiu que eu deveria ficar, lhe fazer companhia e quem sabe deixar o sorriso menos enrugado. Assim ficamos, um bom tempo, contado coisas pequenas e sem importâncias, rindo enquanto o sol fraco batia na nossa pele.
paragrafoAntes de se ir embora, ela levantou-se me abraçou e segurou minha mão, aqueles pequenos olhos atrás dos óculos, ficaram gigantes e penetraram os meus então ela me disse: “Quando você se casar, case-se com sua melhor amiga. Nunca por amor. Porque depois de seis meses, o amor desaparece e só fica a amizade, o carinho pela outra pessoa. Eu casei por amor e aqui estou...sozinha. Não cometa o mesmo erro que eu, meu filho”.
paragrafoSenti o pequeno sonho dela, se passar para mim e abrir um milhão de duvidas na minha cabeça. Não, eu não penso em casar. Não, eu não acho que deveria se casar com minha melhor amiga. Mas....bom, deixa isso para outra hora.

domingo, 8 de agosto de 2010

Das minhas histórias (de verdade.)

Na época que estava com a Jo, tínhamos uma brincadeira. Éramos os únicos no mundo que achavam isso engraçado. E fazíamos isso o tempo todo. Porque uma vez que se começa, é surpreendentemente difícil de parar.
Agora, terminamos, então quando o Nuno disse: "Depois do primeiro ano, ganhei um grande aumento." Apenas nos olhamos.

Aparentemente, eu e a Jo estamos ótimos. Mas a verdade é que tentar ser amigo da sua ex é muito mais difícil do que parece. Você não pode ser franco como costumava ser. Mas principalmente, nunca podem ficar sozinhos, juntos...

Estava combinando que domingo era o almoço na casa deles. E sábado a noite nos reuníamos para fazer a sobremesa. Com meu plano em mente, já fui duas horas e meia atrasado, para não correr o risco de ter que ficar sozinho com ela. Mas assim que ela abriu a porta:
- Desculpe pelo atraso. Cadê o Nuno e a Cristina?
- Eles acabaram de ligar. Estão atarefados demais preparando o almoço de amanhã.
- O Thiago vem? (Thiago, seu atual namorado /ficante /peguete/ que seja)
- Não, ele foi a um show.
- Então - alguns minutos calados e falamos juntos- Somos só nós dois. - o sorriso desagradável apareceu em nossos rostos. -
- Preparando tortas...
- Tortas. Coisas que amigos fazem juntos.
- Isso mesmo.
- Ótimo. Teremos oportunidade de mantermos a conversa em dia.

E as seguintes duas horas foram completamente mudas. Com apenas algumas explicações sobre tortas e o Egito Antigo, até que ela foi até a geladeira e pegou o recheio de noz e completo:

- A torta de noz é a demora mais. Por que não colocamos essa primeiro?
- Torta de noz? Por que estamos fazendo essa?
- É minha favorita.
- Você é alérgica.
- Eu sei, é que eu gosto de cheirar. É como comê-la com o nariz.
- Então estamos fazendo uma torta para o Thiago.
- Sim.
- Você poderia ter me dito que era para o Thiago.
- Achei que poderia chateá-lo.
- Me chatear? Espera um pouco. Você acha que eu tenho ciúmes dele?
- Eu não sei. É tão ridículo pensar nessa hipótese?
- Sim.
- Por quê?
- Porque ele tem 1000 anos de idade. A coisa que tenho ciumes do Thiago é quando imaginamos a nosso primeiro almoço de domingo, ele estava lá de verdade.
- Qual é!?
- A única coisa que eu tenho ciumes do Thiago é que ele sentou no banco da frente da arca de Noé. A única coisa que eu tenho ciumes do Thiago é que eu sou apenas um designer e ele descobriu o fogo. Como posso alcança-lo?
- Ele tem 41! Por que está forçando tanto?
- Eu não estou. Estou apenas zoando. É o que os amigos fazem.
- É maldoso.
- Por que podemos zoar o Miguel quando ele pega uma piranha, mas quando você dorme com o papai guardião da cripta, não posso tocar no assunto?
- Primeiro: Não estamos dormindo juntos. Estamos só saindo. Segundo: falei uma palavra a respeito do desfile de vadias que me fez assistir nos últimos meses? Uma delas que fez uma tatuagem em sua homenagem? E se somos tão bons amigos por que fazer uma torta para o Thiago é tão estranho?
- Se somos tão bons amigos, por que não me contou que era isso que estávamos fazendo?
- Olhe para nós. Não podemos ficar sozinhos juntos, podemos?
- Aparentemente, não.
- O que isso significa? Era para sermos amigos.
Ficamos uns minutos quietos, olhando um para o outro e então minha voz rompeu dizendo uma verdade que doía, ao menos em mim.
- Não somos amigos. Somos? Não de verdade. Evitamos um ao outro. Sorrimos educadamente. Somos duas pessoas que fingem ser amigos porque seria inconveniente caso não fizéssemos isso.
- Talvez devêssemos para de fingir.
- Talvez sim.
- Então o que fazemos agora?
- Suponho que amanha almoçaremos. E depois, é isso.

Concordamos com a cabeça, estávamos decididos que depois do almoço de domingo não iríamos mas nós ver e fingir sermos algo que não somos.

Amanheceu, era domingo. E logo cheguei a casa, ela abriu a porta olhou para a mim e acenou com a cabeça. Fiz o mesmo e entrei. Era estranha a sensação de perda, se como havíamos analisado ontem, nem tínhamos.
Sentamos para o nosso primeiro almoço de domingo juntos, como um grupo, e aparentemente nosso último. Então algo engraçado aconteceu. Enquanto Thiago falava, nós dois completamos juntos - É um zunido de morrer. - E nós olhamos de volta, sorrindo. Percebemos naquele momento, que éramos amigos. E que nossa amizade não iria morrer e nem iríamos desistir dela.

Amizade é um reflexo involuntário. Simplesmente acontece, você não pode evitar. Aquele primeiro almoço de domingo se tornou uma maravilhosa refeição com as quatro pessoas que mais considero nesse mundo e o Thiago. E vai se tornar uma tradição. Por isso daqui a alguns anos levarei meus filhos para almoçar com eles.

sábado, 7 de agosto de 2010

do dia que acordei bem...

E assim como veio, em um milagre foi embora. Finalmente meu corpo não estava mais quente, nem minha cabeça tão pesada. Normal, de novo.
Fazia sol lá fora, achei estranho porque boas noticias sempre vem com chuva, para mim. Mas mal pude terminar o raciocínio e dei de cara com o seu sorriso. Sim, isso era a única coisa que tinha me feito sentir bem, nos últimos dias. Então levantamos da cama, comemos e você me convenceu a dar uma volta. Nessa volta, acidentalmente, conheci minha sogra. Sol e ela só podiam resultar em uma coisa, dor de cabeça.
É, você realmente sabe cuidar de mim....

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Para aquela que nunca chegará a ler essas linhas...

Desculpa- me mais uma vez por vir falar de você. Mas eu não consigo evitar, é que sempre te tive como uma irmã, mais nova. Talvez seja exatamente por causa desse teu tamanho todo, ou talvez seja pelo excesso de bom humor e constante estado brincalhona. Queria só registrar, nessas linhas que você nunca terá conhecimento, que você tinha razão, menina, quando disse que iria chorar a semana inteirinha a tua falta. Não que tenha havido choro, mas houve um sentir falta. E embora eu ainda esteja acostumado com o fato de que tinha a tua presença dia sim, dia não, esse cair a ficha de que você não vem dia sim, outro também, me deixou uma tristezinha miúda, mas não despercebida.


Queria agradecer aos dias que meu humor melhorou consideravelmente depois de seis horas ouvindo o teu assobio incessante, depois de bater o pé, dizendo que teu ponto de vista estava sempre errado e sorrir com timidez ao admitir que, dessa vez — somente desta vez — tu tinhas razão. Agradeço pela companhia, por você dar trela as minhas manias e por zoar comigo, chamando-me de bronquinha, por viver reclamando de tudo e pelas historias trocadas, pela troca de informação inútil e pelas lembranças daquilo que eu deveria fazer e não fiz, sempre no melhor tom de amigo.



Queria te dizer que me diverti muito com os teus beliscões no meu braço, com a tua insistência na lavação de réguas e esquadros, com a medição de força a me arrastar pra rua enquanto eu queria me acomodar cá dentro. E te conto, agora, que nas vezes que fazia cara feia e falava que estava na hora de ir embora, eu queria mesmo era ficar mais. Era tudo fingimento meu, só pra levar a mais riso, a mais birra e mais palhaçada. Queria te dizer que achava graça dos cutucões, para convencer-me a mostrar as fotos dos caras que conheço e que teus comentários bizarros valiam por todo o dia.



Por fim, queria te dizer que sim, você tinha razão ao dizer que sentiria tua falta, menina. O silêncio tá ensurdecedor nesse barulho constante. Não chega o mercador gritado lá de fora, não chega o assobio imitando pássaros, nem o sino da igreja, nem teu urro de estresse, de corrida e de fome. A água mineral tá mais cheia, pois tua sede não vem também. É psicológico tudo, lembra? Te contei uma vez, cutucando com o indicador na cabeça, repetidas vezes, só pra te ver alucinado, emburrada e saindo batendo porta. Pirraça.



Queria te dizer, mas não digo. Não disse. E sequer terei a oportunidade de. Mas sim, sentirei tua falta.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

- o que os outros vao pensar quando me apresentar como sua esposa?
- que você é uma safada!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A graça da vida

Sabe, aquele amigo que você tem. O cara que parece ter tudo?
Bom, pelo menos, aparentemente. Eu sou esse cara. Mas sinceramente, as coisas nunca foram melhores. Alias, eu nunca pensei que algum dia ficaria assim.
Deveria estar comemorando minha nova promoção, meu novo relacionamento, meus novos planos, minha nova vida.
Mas não é engraçado que justo quando as coisas estão dando certo, você não consegue deixar de pensar numa coisa, nesse arrependimento que sempre estará contigo...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Por enquanto...

Não há nada para por para fora.