- cara, tá foda. não se tem homem nesse mundo.
- claro que tem. não existe um pé sem sapato. se só tem que aprender a se amar primeiro...
E aí eu fiquei pensando que apaixonar-se por si mesmo pode ser uma trajetória das mais interessantes, ou não. Tudo depende de como vamos olhar para dentro, se com olhar de Hitler que faz da palavra ordem, repressão, ou se com olhar de mãe. Porque mãe é conhecedora exímia de cada um de nossos defeitos e é capaz de apontá-los para que nos tornemos pessoas melhores.
Não entendo o porquê do temor da solidão. Não digo solidão perpétua da imposição de assim ter que ser. Digo da solidão opção, de estar consigo mesmo porque nada nem ninguém é melhor companhia para si do que nós mesmos. Fico pensando que, talvez a explicação esteja na sociedade em que vivemos onde tudo é consumo. Onde consumimos o tempo de qualquer maneira (produtiva ou não) para não lidar com o vazio. É o ipod para as aulas de musculação e não evitar aqueles momentos de silêncio total. Mas garanto que meu bisavô não tinha um ipod e se virava muito bem nas suas aulas.
O que se perde aqui é que, também o vazio, pode ser na maioria das vezes construtivo. Porque ele traz a tona o que estava ali pedindo para ser assimilado. Enxergar o que precisa ser visto pode ser trabalhoso.
Dizem que o sofrimento é opcional. E acabo de acreditar que a dor também pode ser. Porque muitas vezes vivemos dores que não são nossas. Das culpas, dos medos, das transferências, das marcas. Muitas vezes optamos pelo caminho da dor porque assim fomos criados, assim nos foi imposto pela sociedade judaico, cristã, que acredita que grandes vitórias requerem alguns sacrifícios. Já começa errado daí. Porque não fazer do caminho um lugar prazeroso de se habitar?
Não entendo muito bem essa coisa de que os fins justificam os meios. Na maioria da vezes ficamos tão presos ao objetivo final que nos esquecemos de celebrar as pequenas conquistas. Parto do pressuposto que a vida deve, sim, ser comemorada. Não dizem que a guerra é feita de pequenas batalhas? Então, porque não comemorar a vitória das pequenas batalhas que travamos a cada dia com os outros e com nós mesmos?
Por que não colorir e viver sempre em sépia? Ando pensando nessas sutilezas diariamente. De menos, bem menos. Porque caminhar mais leve é sempre bem mais agradável. Difícil livrar-se do que não serve mais. Creio eu, que ao longo de nossas vidas vamos preenchendo nossas mochilas com aquilo que julgamos ser necessário, e muitas das coisas, de fato, são. Mas, uma hora a gente cresce e aquele casaco fica pequeno. Mas o casaco era tão bonito, e já vivi tantas coisas boas vestindo ele. E nesse instante, a coragem de doá-lo para outra pessoa, que com certeza, nesse momento faria melhor uso dele vai para o ralo. E ali ele fica. Guardado na mochila. Sem função.
Acho que assim também são os sentimentos. Muitas vezes guardamos a sete chaves emoções que já não cabem mais no atual momento só porque um dia foi bom. O que esquecemos é que não se vive de foi e sim de é.
Por esse motivo, de tempos em tempos faço a limpa no armário e o que não me serve mais, dou. Para alguém que certamente fará melhor uso que eu. Para alguém que vá saber dar o exato valor daquilo que para mim já deixou de ter. E nós nunca perdemos as coisas, elas só mudam, vão viver em outro lugar.
Seria tão mais fácil se o processo do desapego não tivesse que ser doído e pudesse ser curtido com todos os seus sabores, até o sabor da saudade. Porque se algo deixa saudade é porque por algum instante, por menor que ele seja, foi bom. E se foi bom porque esquecer? Não reviver, apenas deixar guardado em um lugar em que se possa visitar.
Penso nisso a cada vez que volto ai, naquele dia em que eu tinha certeza de que era amor. O que eu não sabia é que seria tão inesquecível, apesar das tantas e imensas coisas que vivemos. E você sempre me diz tanto com o seu silêncio, com o seu sorriso. Porque sempre foi tão real que nem o tempo, nem as mudanças foram capazes de apagar...
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meu quero agradecer a todos que pararam um segundo, ou muitos do seu dia pra me ajudar ontem. graças a deus, deu tempo de entregar tudo certinho! valeu mesmo