
Hoje vi um filme que é bem provável que te remeta à lembranças que você não queira. Não que sejam ruins. Apenas aquelas que você não se esquece, mas também não faz esforço pra se lembrar.
Comigo foi um pouco diferente...
Eu me lembrei de muitas cenas que eu nunca vi. Cenas que aconteceram só nos sonhos.
Vi fatos, frases e gestos que eu realmente gostaria que tivessem sido pra mim.
Ouvi declarações de amor, que eu também desejava que fossem para mim..
Enfim....
Vem tanta coisa na garganta... coisa que tá entalada... mas não vai sair nunca, sabe?
Se eu pudesse gritar uma coisa só, eu gritaria tudo o que você não queria ouvir.
Mas sentimentalismos a parte.
Pessoas erram. E como erram. Mas errar de novo é burrice.
Quantas vezes você já não desejou que determinada coisa nunca tivesse acontecido? Quantas vezes não quis apagar da mente lembranças dolorosas? Rejeições, traumas, amores frustrados?
Me peguei pensando: “e se isso existisse de verdade?". Será que eu teria capacidade, coragem ou força pra fazer? Começar do zero, e ter as lembranças que eu quisesse ter na mente? Ou perceber a grande burrice cometida, e tentar de novo? Tentar fugir dentro da minha própria mente, e encontrá-la lá, em algum canto, junto com as memórias empoeiradas? Ainda bem que eu sei que essas coisas só funcionam em filme. Sei sim, que teria a coragem de fazer...
Talvez, eu não teria que pegar pedacinhos meus por aí.
Talvez, eu conseguiria ir embora, sem deixar nada pra trás.
Ou não.
Acontece que somos a resultante dessas lembranças. Eu não seria o mesmo, se não tivesse passado pelas experiências que vivi. Por piores que possam ter sido, são elas as responsáveis pelo que sou hoje. Deram-me força, experiência, maturidade, crescimento em certos aspectos.
Além disso, as coisas sempre vêm em pacotes completos. Um relacionamento, por exemplo, não é feito só de más recordações. Muito pelo contrário. Tive ótimos momentos com pessoas que, posteriormente, trouxeram-me dor e raiva. Quando a gente diz "seria melhor nem tê-la(o) conhecido", está desejando ser privada de muitas situações agradáveis.
Não escolheria deixar de viver horas, dias, meses e anos maravilhosos porque, tempos depois, trouxeram-me dor. Para cada lembrança triste, posso encontrar pelo menos uma de felicidade. Que causa certa tristeza também, admito – aquela pontada que deriva da saudade e da nostalgia. Isso ainda é infinitamente melhor que uma folha em branco.
Vendo assim não escolheria ignorar aprendizados porque o sofrimento fez parte deles. Cedo ou tarde, teria que aprender certas lições, de qualquer forma.
Por outro lado, não gostaria de repetir experiências. As lembranças têm o seu lugar no passado. Não podemos viver delas, nem pretender recapitulá-las. Hemingway dizia que "não se deve voltar aos campos de batalha". O filme, poeticamente, ignora esse conceito. Isso é até compreensível, dentro da ficção – para aqueles tiveram suas lembranças apagadas, as situações repetidas seriam, de fato, inteiramente novas.
No fim, tudo se resume a uma velha frase, dita por muitas pessoas, com diversas palavras, mas sempre trazendo o mesmo conteúdo: é melhor viver cada instante intensamente, assumindo as conseqüências boas e ruins, do que simplesmente passar pela vida.
E eu sou sempre uma banheira transbordando sentimento. E não tem ninguém pra fechar a torneira. :\
E dedico este monte de porcaria, se me permitem, a maior cagadinha do mundo Fê que além de amar esse filme, me proporcionou a oportunidade de ver. Talvez esse não seja o melhor post para dedicar a você, mas não podia falar do filme, sem lembrar de você, né? Obrigado
para comentar clicar aqui
Feliz é o destino da inocente vestal
Esquecida pelo mundo que ela esqueceu
Brilho eterno da mente sem lembrança
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança
Esquecida pelo mundo que ela esqueceu
Brilho eterno da mente sem lembrança
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança