quanto mais as coisas mudam, mais continuam as mesmas
sábado, 16 de agosto de 2008
ontem
Ontem eu senti um aperto por dentro. Desses apertos que acontecem de vez em quando e que sacodem a gente. Perto da minha casa tem uma praça, que quase não é praça, é metade pombos metade mendigos. Eu estava indo para o trabalho, devia ser 6:45 ou quase (ou mais) e vi uma revoada de pombos. E atrás da revoada vinha um mendigo correndo, de braços abertos e sorriso na cara. Parei como quem atravessa a rua e fiquei olhando: ele ia correndo atrás das pombas só para vê-las voar. E isso era bom. Isso era ser feliz, ali, naquele momento, para ele. Quanto de liberdade existe na loucura? Eu presa ao meu cotidiano, a minha vida de gente grande, nem sei mais o que é correr atrás dos pombos só para vê-los voar. Não sei mais o gosto do vento na cara, a alegria de criar um movimento com o meu movimento. Com a minha presença. Quero mudar o que posso mudar em mim e aceitar aquilo que eu não posso mudar. De certa forma já me sinto correndo atrás dos meus pombos.