domingo, 5 de abril de 2009

O melhor que eu

No final do dia a V. ainda estava à minha espera, apreensiva e, segundo ela, com algo muito sério para perguntar.

- B, quanto o senhor ganha?
- Por que você quer saber isso?
- É que meu pai quer trabalhar no seu lugar e eu gostaria de saber se o senhor ganha bem. Ele não vai usar as mesmas roupas que o senhor e nem vai chegar ouvindo música do jeito que o senhor faz e isso vai ser chato, então se não for para valer a pena eu vou dizer para ele que trabalha de graça.
- É quase isso, se formos pensar no quanto trabalho. Seu pai fez a mesma faculdade que a minha?
- Não.
- Mas então?
- Não sei, mas ele quer trabalhar no seu lugar porque acha que é melhor do que o senhor.
- Que estranho... Ele te disse isso?
- Não, mas falou para a minha mãe.
- Sua mãe?
- É. Outro dia minha mãe falou que o senhor é bom e meu pai gritou com ela, dizendo que é muito melhor, com certeza.
- Ah...
- Acho que ele quer trabalhar no seu lugar, não é isso? Foi isso que eu entendi...

Começei a acreditar na raça humana. De agora em diante deposito confiança na inocência dos inocentes. Sou capaz de acreditar, inclusive, no lobo mau. O que quer comer a Chapeuzinho Vermelho, jogando-a na parede e chamando-a de lagartixa. Ah, não é assim? Enfim... ele quer comê-la, de qualquer forma. E eu, dou risada da inocência de uns e a pouca inocência de outros.